segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Crime, preconceito e hipocrisia

Muito se tem estudado e escrito sobre o crime. Contudo, uma coisa é certa, exceto o furto por “estado de necessidade”, ele trás em si, uma proposta: em síntese o enriquecimento rápido e relativamente fácil. Portanto, é incorreto afirmar-se que a delinqüência está mais próxima da pobreza, é até preconceito uma vez que, abastados e ricos também cometem delitos. Esta tese é tão absurda que segundo a sua lógica os Estados mais violentos deveriam ser os mais pobres, notadamente o nordeste e o norte do Brasil e do ponto de vista mundial os países ricos seriam quase imunes ao crime e a violência, enquanto a barbárie imperaria na África, por exemplo.
A polícia como instrumento de coerção do Estado, deve zelar pelo cumprimento da Lei e seus excessos, também constituem crime, inclusive a classe dominante usa e abusa do poder de polícia contra os trabalhadores e estudantes.
Precisamos compreender que a escalada da violência nos últimos anos tem muito a ver com o narcotráfico e a alta lucratividade desse negócio escuso, que alicia e corrompe diversos segmentos da sociedade e do próprio Estado. E não podemos deixar de afirmar que tal rendimento provém do alto consumo.
Outra coisa que devemos desmistificar, é que as desigualdades sociais e a pobreza não são desculpas para o crime, uma vez que o enfrentamento aos problemas sociais deve-se dar através da ação política consciente e conseqüente e não através da marginalidade. Precisamos é apresentar principalmente para os jovens, perspectivas de inclusão social (o que não significa necessariamente enriquecimento e consumismo), fé nos ideais humanistas e esperança na vida.
Recentemente, assistimos a polícia do Rio de Janeiro enfrentando a fúria de narcotraficantes e em uma das cenas, um helicóptero da PM atirando na direção de dois homens armados. Diversos grupos ligados à defesa dos direitos humanos manifestaram-se contrários à ação policial qualificando-a de excessiva. Pois bem, na semana passada, um policial foi alvejado por um bandido em pleno helicóptero, vindo a falecer logo depois, não tive nenhum conhecimento de alguma declaração de defensores dos direitos humanos sequer em solidariedade à família do policial assassinado. Será que por fazer parte da força de repressão do Estado o policial também não é filho, marido e pai?
Será que devemos encarar a morte de um bandido, de um celerado como um ato de violência e a morte de um policial como algo natural?
Busquemos a coerência!

Jorge Barbosa de Jesus
Bacharel em Direito

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Charge de Sinfrônio para o Diário do Nordeste