sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A Vale é nossa - Parte 1 de 3

Começam mobilizações para o plebiscito sobre Vale do Rio Doce


A pouco menos de um mês do início do Plebiscito sobre a privatização da Vale do Rio Doce, que será realizado entre 1º e 7 de setembro. Em agosto, haverá uma jornada de trabalho de base e massificação da formação para o plebiscito. No dia 4, serão realizados atos unificados para divulgar o plebiscito e a própria campanha.
A primeira semana de setembro é, além da votação do plebiscito, a semana da Pátria que terminará com a realização do Grito dos/as Excluídos/as. Já no dia 10, as mobilizações serão para a Jornada Internacional Contra a OMC (Organização Mundial do Comércio), as Transnacionais e o Agronegócio.
Durante todo o mês de outubro serão realizadas manifestações como o Grito dos Excluídos/as Continental, no dia 12; a Jornada contra as transnacionais e pela soberania alimentar, no dia 16; a Semana Global de Luta contra a Dívida, de 14 a 21. E entre os dias 22 e 25 haverá uma Assembléia Popular Nacional: Mutirão por um Novo Brasil. Na segunda quinzena do mês é celebrada ainda a Semana da Democratização da Comunicação.
As organizações sociais que quiseram montar urnas podem fazê-lo em sindicatos, fábricas, escolas, associações de moradores, praças, igrejas nos diversos espaços de grande circulação de pessoas. Cada estado tem autonomia para organizar a votação. As urnas podem ser feitas artesanalmente e os votantes podem apresentar qualquer documento para que recebam a permissão de votar. Os menores de 16 anos, adolescentes e crianças devem votar em uma urna separada, pois a contagem desses votos também será em separado. As cédulas com as perguntas do Plebiscito serão disponibilizadas na página da campanha "A Vale é nossa" e também distribuída para as organizações sociais para que sejam reproduzidas e distribuídas nos locais de votação, assim como a lista de votação. A data de entrega do resultado do Plebiscito deverá ser o mês de outubro, e os organizadores farão com que esse chegue aos três poderes: Judiciário, Legislativo e Judiciário.


O vídeo da campanha pode ser encontrado em:





E o material de campanha na página: http://www.avaleenossa.org.br/

CUT convoca Dia Nacional de Mobilização na defesa dos direitos e conquistas dos trabalhadores


Defender os direitos, avançar nas conquistas: esta é a frase que resume o querer e o sentimento de trabalhadoras e trabalhadores de diversos ramos e categorias da CUT, de todo o Brasil, que estarão em Brasília no dia 15 de agosto.

A CSC deve participar com ampla visibilidade das manifestações do dia 15, mostrando que as manifestações são parte da luta histórica do trabalho contra o capital. Enfrentamos atualmente uma ofensiva em larga escala — além da "Emenda 3", podemos enumerar, entras outras questões, a tentativa de restrição ao direito de greve, o descumprimento de direitos trabalhistas e as incursões do governo pelo íngreme terreno da "reforma" da Previdência.
O momento requer unidade de ação. Afinal, é a democracia, para os trabalhadores, que está ameaçada.

Leia mais sobre a mobilização no site da CSC:

Em reunião com PCdoB, Lula sugere acordo com PT para 2008


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta quinta-feira (2), integrantes da direção nacional do PCdoB no Palácio do Planalto. No encontro, Lula buscou informações sobre a organização de uma nova central sindical proposta pela Corrente Sindical Classista (CSC), elogiou a atuação de lideranças comunistas como o ministro do Esporte, Orlando Silva, e sugeriu ao PCdoB que se reúna com o PT para debater as eleições de 2008.

Estiveram presentes na reunião com Lula, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, o vice-presidente do Partido e líder da bancada comunista na Câmara, Renildo Calheiros (PE), o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) e o secretário de Organização do PCdoB, Walter Sorrentino.

Dentre os assuntos tratados, o presidente Renato Rabelo comentou a iniciativa da Corrente Sindical Classista (CSC) de debater sua participação na CUT. “Procurei explicar ao Lula que a Corrente Sindical Classista é autônoma, apesar de ter uma influência dos comunistas. O problema na central é de convivência. Chegou um ponto tal que a CSC não tinha como conviver no interior da CUT. Ela foi deixando de ser uma central sindical plural e foi se transformando numa central de uma corrente. A situação chegou a um ponto que a própria corrente, que tem a hegemonia da CUT, passou a disputar internamente. Isso criou muitos problemas para CSC ”, disse Renato.
Leia mais em Portal Vermelho

terça-feira, 31 de julho de 2007

Quem são os golpistas do ''Cansei''

Por Altamiro Borges*

As emissoras de televisão, que rejeitam o fato de serem concessões públicas, já anunciaram que cederão seus milionários espaços na telinha. Entre as peças publicitárias já boladas ''gentilmente'' pelo publicitário Nizan Guanaes, marqueteiro-mor dos tucanos, encontram-se algumas pérolas bem ao gosto da burguesia rentista: ''Cansei do caos aéreo'', ''cansei de bala perdida'', ''cansei de pagar tanto imposto''. Estas e outras idéias teriam sido discutidas no luxuoso hotel do empresário João Dória Jr., em Campos do Jordão - cidade de veraneio paulista que reúne a nata da burguesia durante o inverno. Nos últimos dias, por lá passaram vários industriais, banqueiros, barões do agronegócio e políticos, como o ex-presidente FHC, o atual governador José Serra e o presidenciável derrotado Geraldo Alckmin.

Conspiração da ''elite branca''

Até agora, a melhor definição sobre este movimento foi dada pelo ex-governador paulista Cláudio Lembo - que é dirigente do Demo, mas não é hipócrita e tem lapsos de sinceridade. Após anunciar sua adesão ao ''Cansei'', ele afirmou ironicamente que a iniciativa é liderada ''por um segmento da elite branca. Deve ter começado em Campos do Jordão''.

No último final de semana, todos estes conspiradores se encontraram no Mosteiro São Bento no badalado casamento da filha de Geraldo Alckmin, Sophia – que ficou famosa por ''trabalhar'' na boutique de contrabando Daslu. A luxuosa cerimônia reuniu centenas de magnatas, a cúpula da direita neoliberal, alguns ''jornalistas'' famosos e a atriz Regina Duarte, que durante a campanha presidencial de 2002 apareceu na telinha com a frase terrorista ''eu tenho medo [do Lula]''.

Com protestos de rua nas principais capitais do país e fartos investimentos em publicidade, o ''Cansei'' pretende satanizar o presidente Lula, culpando-o por todos os males do país. O eixo principal da campanha visa marcar o governo como incompetente, ''péssimo administrador'', para ver se desperta a ira das camadas médias e gera confusão entre os setores populares. ''A sociedade precisa demonstrar a sua indignação'', bate na tecla o falastrão João Dória. Uma rápida olhada na biografia dos mentores do movimento, porém, confirma que o objetivo desta ''elite branca'' é forçar a oposição de direita ao governo Lula e, se possível, repetir a façanha das ''Marchas com Deus'' em 1964.

O líder João Dória Jr.

- João Dória Jr., principal porta-voz do movimento, é um notório direitista. Na campanha presidencial de 2006, o empresário promoveu milionários jantares de apoio ao candidato Geraldo Alckmin. Amigo íntimo de FHC, em outubro passado premiou o ex-presidente com uma escultura da artista Anita Kaufmann. Ele também é um elitista contumaz. Segundo reportagem da Veja, ''conhecido pelo dom de reunir convidados famosos em festas e eventos empresariais, João Dória Jr., 47 anos, faz questão de manter o seu visual tão impecável quanto suas duas mansões, uma nos Jardins e outra em Campos do Jordão. Ele só usa camisas feitas sob medida (quase todas com colarinho italiano e monograma) e termos Ermenegildo Zegna''. Seu patrimônio pessoal é calculado em R$ 70 milhões; é dono da empresa Dória Associados, de um centro de exposições e de uma editora; tem um helicóptero Bell-407 e acaba de comprar um jatinho Phenon.
Outro artigo da mesma revista confirma que o líder do ''Cansei'' não tem nada de apolítico ou apartidário. Formado numa família de velhas raposas da UDN e filho do deputado cassado João Dória, Junior circula pelos corredores do poder há muito tempo. Foi secretário municipal de turismo e presidente da Embratur (também afastado por denúncias de corrupção). Com toda esta ''bagagem'', fundou em 1996 a Grupo de Lideres Empresariais (Lide), que reúne 406 executivos e donos de empresas com faturamento acima de R$ 200 milhões. Juntos, estes empresários controlam cerca de 40% do PIB brasileiro. ''Quem é capaz de por presidentes de grandes bancos de braços esticados, dançando Macarena? Ou, apito na bota, distribuir tarefas para chefões da indústria e respectivas senhoras? Resposta: João Dória Jr., publicitário, jornalista, empresário e, acima de tudo, talentosíssimo no trato com os poderosos'', descreve o artigo bajulador.

Os outros conspiradores

- Luiz D'Urso, presidente da seção paulista da OAB, é outro conhecido direitista. Advogado de ilustres bilionários, inclusive do casal Hernandes da Igreja Renascer - detido nos EUA por evasão de divisas -, ele imprimiu uma marca reacionária à OAB de São Paulo. Chegou a promover atos contra os servidores públicos em greve e a se manifestar publicamente em defesa da Emenda 3, que estimula a precarizaçao do trabalho. No ano passado, em plena campanha eleitoral, propôs o impeachment do presidente Lula.
- Nizan Guanaes, dono da poderosa agência África, é o principal marqueteiro tucano. Dirigiu as campanhas de FHC e Serra. ''Não sei dizer não ao Fernando Henrique'', confessou ao jornalista Gilberto Dimenstein. Segundo o Observatório da Imprensa, ele gozou de amplo poder no reinado de FHC. ''Nizan passou a cuidar informalmente da imagem do presidente e tem ido pelo menos dois dias por semana a Brasília. 'Estou doando meu tempo e talento para algo em que acredito'''.
- Marcus Hadade, ex-presidente da Confederação Nacional dos Jovens Empresários, e Ronaldo Koloszuk, diretor do Comitê de Jovens Executivos da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), coordenaram a primeira manifestação pública do ''Cansei'', na tarde deste domingo. Ajudaram a puxar palavras de ordem bem ''apolíticas'' e singelas: ''Fora Lula'', ''relaxa e fora'', ''assassino'' e ''1, 2, 3, Lula no xadrez''. Foram assediados por empresários, arrivistas tucanos, madames e mauricinhos e patricinhas da classe ''mérdia''.
- Paulo Zottolo, presidente da multinacional Philips no Brasil, empresa que bancou os primeiros anúncios em jornais do ''Cansei''. A generosidade não deve ter pesado muito em seu bolso. Segundo reportagem da IstoÉ Dinheiro, ''seu salário na Philips está estimado em R$ 2 milhões por ano'' e a multinacional teve no ano passado um faturamento de R$ 4,7 bilhões no país. ''Somos pagadores de impostos e cansei de me indignar e não fazer nada'', esbraveja o magnata.
- Sidnei Basile, diretor da Editora Abril, responsável pela edição da revista golpista Veja. Ele já anunciou que a empresa cederá gratuitamente os espaços publicitários nos seus vários veículos. A famiglia Civita, hoje associada à empresa racista Nasper, da África do Sul, tornou-se o porta-voz da oposição de direita ao governo Lula, manipulando informações e estimulando preconceitos nos seus incautos leitores.

*Jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro As encruzilhadas do sindicalismo (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição)

A nova direita (e como derrotá-la)

Por Emir Sader*

Existe uma nova esquerda na América Latina, de que o processo bolivariano de Hugo Chávez na Venezuela, o MAS e o governo de Evo Morales na Bolívia, o governo de Rafael Correa, a ALBA, são algumas das suas expressões mais desenvolvidas e significativas. O movimento que se agrupa em torno da candidatura de Fernando Lugo, no Paraguai, se candidata a incorporar-se a esse grupo. Há governos progressistas, que são igualmente vítimas dessa nova direita.

Sua fisionomia passa pela assunção dos valores liberais e neoliberais: livre comércio, modelo estadunidense de sociedade, elogio da empresa privada e do mercado, crítica do Estado como regulador, das políticas redistributivas, apologia da midia oligopólica como critério de liberdade e de democracia. Ataques furibundos, desqualificadores da esquerda, do socialismo, a qualquer papel regulador ao Estado, do igualitarismo, a políticas de afirmação de direitos, do Sul do mundo à América Latina em particular, dos partidos aos movimentos sociais.

Uma das catacterísticas dessa nova direita é que se apóia fortemente no monopólio privado dos meios de comunicação, que dá as pautas e a orientação ideológica. No Brasil, a Folha de São Paulo, O Globo, o Estado de São Paulo e a Veja são seus representantes mais evidentes. Todas empresas oligopólicas, de propriedade familiar, em que os filhos sucedem automaticamente aos pais na direção dos jornais, como se fossem fazendas ou heranças de casas. Todas comprometidas com o golpe militar de 1964, que destruiu a democracia e cometeu os maiores crimes contra o povo brasileiro.

Desqualificar ao que consideram governos ou candidatos que não se submeteriam a seus interesses –que podem ser um índio, um militar, uma mulher, um operário – é uma forma de defesa do seu lema fundamental: “civilização ou barbárie”, em que eles se apropriam do que consideram ser civilizado e rejeitam todos os outros como representantes da barbárie.

O instrumento mais reiterado na sua luta por impor seus interesses está na desqualificaçáo dos governos, da política, do Estado, dos partidos, de todas as formas de ação coletiva e organizada de caráter popular. Por isso apoiaram tão generalizadamente governos como os de Menem, Fujimori, FHC, entre outros, que faziam justamente isso: privatizavam para debilitar ao Estado, atacavam os movimentos sociais, desqualificavam os partidos, promoviam a dominação direta da economia sobre a política.

Comum à imprensa escrita, radial e televisiva dessa nova internacional da direita é o ataque desqualificador a governos como os de Evo Morales, de Hugo Chavez, de Rafael Correa, mas também aos de Lula, de Kirchner, com uma intolerância que beira ao golpismo. Tentam promover uma irritação, explorando expressões do tipo “basta”, “cansei” ou outras afins, que levam ao pedido de soluções autoritárias ao que seria uma crise moral, uma ferida, que deveria ser extirpada por intervenção cirúrgica – numa atualização da Doutrina de Segurança Nacional, que orientou as ditaduras do terror no continente -, que dispensaria vitória eleitoral, porque se apoiaria num sentimento de indignação supostamente majoritária da população.

Precisam de governos e parlamentos fracos, do enfraquecimento do sistema político, dos partidos, para impor os grandes interesses econômicos privados sobre o Estado.

Quando atacam aos governos, aos parlamentos eleitos pelo povo, desqualificam ao povo. Se dispõem do monopólio da mídia, tem que entender que a opinão média da população é fortamente influenciada pela mídia. Ou são incompetentes ou o povo não aceita a influência de seus programas informativos totalmente partidarizados, de seus comentaristas e programas de entrevistas que refletem suas visões elitistas do país, da sua programação – esta sim – populista, de baixissimo nível cultural e e educativo.

São minotirários, como eram – segundo as pesquisas de opinião só reveladas recentemente – no clima prévio ao golpe de 1964, em que estiverem envolvidos todos esses meios de comunicação. São minoritários, segundo a maior pesquisa nacional e a mais direta, que envolve não uma amostra, mas a totalidade dos cidadãos – a eleição presidencial feita há 8 meses.

No entanto, dá a impressão que nada disso aconteceu, nem que o povo se pronunciou contra a oposição, nem que o governo venceu. Que lições o governo tirou do longo processo de campanha opositora, que o desestabilizou profundamente, que quase levou a seu final, mas que terminou com uma recuperação eleitoral e com a reeleição de Lula?

A primeira lição deveria ser a de que, quando Lula assumiu uma atitude concreta de denunciar a direita e suas políticas – em que as privatizações estiveram no centro -, conseguiu o apoio popular que lhe delegou este segundo mandato. Ele soube reconhecer – ainda que contraditoriamente – ao dizer no discurso da vitória de que o seu é um governo para os pobres.

Contraditoriamente porque reconheceu que, paradoxalmente, nunca os ricos ganharam tanto. Se a economia cresceu pouco – e segue assim -, setores médios perderam para que os pobres ganhassem, ao invés da penalização dos mais ricos.

A segunda é a de que a nova direita, o centro da oposição, está no monopólio privado da mídia, cuja persistência impede a possibilidade de formação democrática da opinião pública. Que, sem democratização da mídia, não haverá democracia.

Em terceiro lugar, que foram principalmente as políticas de democratização social as que responderam pela vitória do governo e pela derrota da oposição. Mas essas imensas camadas populares estão submetidas a influência ideológica da maciça campanha da oposição atraves da mídia. Além de que esses setores populares majoritários não estão organizados, não tem condições de expressar politicamente sua opinião, nem de defender suas conquistas, caso atentem contra elas. A organização destes setores é responsabilidade fundamental do PT e do governo, se a esquerda quer evitar retrocessos e, ao contrário, consolidar os avanços e construir um Brasil pós-neoliberal.

Para isso é indispensável dar continuidade à vitória de novembro de 2006 e, ao contrário do que tem sido a atitude principal do governo até aqui, apontar os adversários fundamentais da democratização econômica, social, política e cultural, lutar contra eles e construir a força popular, política e ideológica para derrotar a direita e afirmar a hegemonia da esquerda.
Fonte: Blog do Emir / Carta Maior

Charge de Sinfrônio para o Diário do Nordeste