quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Itabuna: Comentário sobre a realidade sócio-econômica

Por Rosivaldo Pinheiro*

O Município de Itabuna no ano de 2007 foi o primeiro da região cacaueira e o sexto do estado da Bahia, em arrecadação, estimado em R$ 200.000.000,00/ ano. Possui uma área territorial de 580,49 quilômetros, e população de aproximadamente 205.000 habitantes, tendo 97% da população na zona urbana e 3% na zona rural. O acesso ao município se dá através das rodovias Ba 415 e Br 101, ficando a aproximadamente 450 quilômetros da Capital, Salvador.

O Município possui uma importante rede de educação pública e privada em todos os níveis, possui destaque no setor de saúde, sendo na área médica considerada o principal pólo de conhecimento do interior da Bahia, no ramo imobiliário a cidade também assume a hegemonia regional, bem como, no turismo de eventos e entretenimentos, lidera o mercado de publicidade e mídia. O setor de imprensa é considerado o segundo centro da Bahia, possui dois jornais diários (Diário do Sul e Jornal Agora), um semanário (Jornal A Região), três FMs (Fm Sul; Musical FM e Morena FM), Três Rádios AMs (Difusora, Jornal e Nacional),e duas estações de Tvs (Santa Cruz afiliada da rede Globo) e (Cabrália afiliada da Record/Rede Mulher), destaca-se ainda, na revenda de veículos novos e usados, além de ser o principal centro de comércio da região do cacau.

O Município tradicionalmente sempre foi um importante pólo de comércio da região sul do estado, sua localização geográfica aliado ao alto grau de empreendedorismo do seu povo, foram fatores preponderantes para tal status.

A cidade sofreu um grande abalo econômico com a crise causada pela vassoura-de-bruxa no principal produto da base econômica, o cacau. Esta crise causou impactos negativos para a economia de vários municípios e, em especial para as principais cidades que lideram o fluxo de comércio da região cacaueira. Em Itabuna, o impacto foi ainda maior, pois o município sempre assumiu o papel de cidade pólo da região do cacau. Após a instalação da crise da vassoura a cidade procurou romper com a estagnação, implantando um embrionário plano de unidades fabris a partir do inicio da década de noventa. A política de atração das fábricas encontrou na baixa oferta de água um grave entrave, aliado ao fato da mão-de-obra não ser adaptada para o processo industrial, gerando assim, diversos desdobramentos, tanto para o crescimento das fábricas, quanto para os trabalhadores, que em função da insalubridade do ambiente fabril, baixo nível de treinamento específico para suportar os impactos das novas jornadas passou a conviver com freqüentes afastamentos dos serviços, e em alguns casos com problemas irreversíveis a saúde, resultando numa alta rotatividade de mão-de-obra.

Outro ônus resultante desse processo foi o crescimento das áreas periféricas da cidade, uma vez que as pessoas desempregadas eram atraídas pelo marketing político oficial que tratava a embrionária experiência, como se estivéssemos mergulhando num novo ciclo de prosperidade econômica, assim um grande numero de pessoas se deslocavam para o município e na maioria das vezes se instalavam em condições precárias Estes acontecimentos produziram importantes impactos na organização do espaço urbano, demandando um crescente investimento na infra-estrutura, saúde, educação, transporte, lazer e segurança.

Após esta experiência a cidade e seus agentes econômicos continuaram a procurar por alternativas que garantissem a continuidade da pujança econômica do município e, a partir do inicio da década de dois mil a cidade passou a transformar-se num pólo de serviços, tendo como principais expoentes os serviços de educação e saúde, o primeiro marcado pelos investimentos no setor oportunizados pelo primeiro governo Lula, e o segundo, resultante da política de municipalização do setor de saúde. Só para se ter uma idéia deste impacto, o município elevou seu faturamento no setor de saúde de R$ 4,8 milhões em 2001 para R$48 milhões no fim de 2004, este trabalho teve como percussor o segundo Governo do então Prefeito Geraldo Simões (PT), com participação direta de quadros do PCdoB.

A prova inconteste do peso destes setores para o município é o número de alunos advindos de varias regiões do estado e de outras regiões do país estimados em aproximadamente 4.000, distribuídos pelas instituições de ensino superior (UESC; FACSUL e FTC), bem como, o faturamento do setor de saúde que continuou crescendo, alcançando em 2006 R$ 68 milhões.

Evidentemente que a cidade apesar dos números satisfatórios advindos destes setores não se estruturou de forma qualitativa para atender as demandas sociais, carecendo assim de investimentos diversos. Tal saída só será possível se o Poder Público local adotar um planejamento estratégico de gestão, que permita um amplo debate com os organismos do comércio formal (ACI; APEMI; CDLI; SINDICOM), Universidades, Hospitais, Clinicas, Ministério Publico, Conselhos de Classes (CREMEB; COREN; OAB) e os diversos atores do movimento social, para juntos, elaborarmos um plano de ação que possibilite o implemento de políticas públicas que garantam o crescimento e desenvolvimento de emprego e renda, possibilitando a construção de uma cidade mais humana, cujo espaço geográfico leve em consideração os fragmentos nele existente, permitindo a articulação entre esses fragmentos com no sentido de possibilitar a plena articulação entre esses fragmentos e o Poder central do município.

*Rosivaldo Pinheiro, economista, é membro da Comissão Política Municipal do PCdoB e Diretor Administrativo da Câmara Municipal de Itabuna.

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Charge de Sinfrônio para o Diário do Nordeste